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sábado, 7 de julho de 2012



OBSCUROS


CHUNGA’S REVENGE – Frank Zappa

Esse é um disco de transição do maior gênio louco da história do rock. Esse disco inicia a vertente dos anos setenta na carreira de Zappa. Dá uma espécie de parada no discurso político-satírico e aborda temas como sexo e experiências diversas na vida de uma banda na estrada. O sexo sempre foi um tema controverso na carreira desse pirado. Mas não é só isso que tem esse disco não.

A crítica nunca entendeu direito a figura multicriativa de Zappa. Muitos ignoram suas experiências e outros esperam sempre genialidades mirabolantes em seus discos, e poucos conseguem acompanhar as ideias desse pai da mãe das invenções. “Chunga’s Revenge”, por exemplo, é uma mistura de rock; jazz; blues; música de vanguarda; pop; doo wop; boogie; e ironias diversas. Mas não é nada disso individualmente ou integralmente.

A crítica não recebeu bem esse disco. Boa parte dos incapacitados alegou que faltava unidade. Outra parte afirmou que era pop demais, que a banda era sem liga e que Zappa tava mais interessado em ganhar dinheiro. O fato é que Zappa produzia muito e gravava tudo que criava, em estúdio e ao vivo, com músicos diversos. Quem é zappeiro de verdade identifica todas as suas fases e todas as suas facetas. Nesse sentido esse disco tem algumas peculiaridades.


A estética de vanguarda e instrumental vem do período de “Hot Rats”; “Lumpy Grave”; “Burnt Weeny Sandwich” e “Uncle Meat”, gravados anteriormente, em 68, 69 e 70. A parte blues, roqueira e maníaca por sexo, estava em processo, com “Chunga’s Revenge”, lançado em 70, e “200 Motels”, lançado em 71. As formações variam de acordo com essas fases. O que não varia de forma nenhuma é a qualidade musical e a ousadia em experimentar. “Chunga’s Revenge” também marca a estréia nos vocais de Mark Volman e Howard Kaylan, os famosos Flo e Eddie, ex-integrantes da banda “Turtles”, banda pop psicodélica americana, que emplacou vários sucessos, entre eles o hit “happy together”.

"Transylvania Boogie" começa o disco com a presença de uma guitarra com timbre marcado pelo excêntrico uso do wah, assim começa a intensa aula de timbres de Zappa nesse disco. Uma viagem pelo mundo freak. Logo em seguida vem a irônica "Road Ladies" , com Flo e Eddie nos vocais e solos de guitarra na cara, mais uma vez o wah timbra inusitadamente a guitarra de Zappa. "Twenty Small Cigars" é uma incursão pelo jazz bizarro apresentado em “Hot Rats”, clima introspectivo e enigmático. O timbre de Zappa nessa faixa é qualquer coisa absurdamente diferente. Não é uma faixa para qualquer um.


"The Nancy & Mary Music" é intensamente experimental, com uma improvisação de percussão exótica e mais viagens de wah na guitarra, essa faixa foi gravada ao vivo em Minneapolis, no teatro Tyrone Guthrie, imagine o resto desse show como foi loucura. "Tell Me You Love Me" e "Would You Go All the Way?", em seguida, formam, para os padrões zappistas, uma parte do material pop do disco e apresentam arranjos divertidos e complexos ao mesmo tempo, se o mundo pop fosse assim seria bom demais. Escute a guitarra nessas duas músicas e perceba as linhas de vocais e você vai entender o que é pop para esse pinel.

"Chunga's Revenge", a faixa titula é digna da excentricidade musical, típica de Frank Zappa, com direito a wah no sax Ian Underwood, imperdível. "The Clap" é mais um experimento estranho de percussão. O disco fecha com mais dois pops descabelados: "Rudy Wants to Buy Yez a Drink" e "Sharleena", dois arranjos desmiolados, irônicos, satíricos, com linhas de vocais completamente debochados. A última faixa é simplesmente uma pérola do repertório zappiano, um verdadeiro clássico, demais, demais.

A relação dos doidos:

• Frank Zappa – guitar, harpsichord, percussions, drums, vocals
• Max Bennett – bass
• George Duke – organ, trombone, electric piano, sound effects, vocals
• Aynsley Dunbar – drums, tambourine
• John Guerin – drums (only on Twenty Small Cigars)
• Don "Sugarcane" Harris – electric violin, organ
• Howard Kaylan – vocals
• Mark Volman – vocals
• Jeff Simmons – bass, vocals
• Ian Underwood – organ, guitar, piano, rhythm guitar, electric piano, alto saxophone, tenor saxophone, pipe organ







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