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terça-feira, 29 de junho de 2010


Terreno Baldio volta à ativa com shows na capital paulista
Lizandra Pronin


Formada no início dos anos 70, a banda de rock progressivo Terreno Baldio lançou dois álbuns - "Terreno Baldio" e "Além das Lendas Brasileiras" - para depois encerrar as atividades. Mais tarde, na década de 90, se reuniram para relançar o primeiro álbum, desta vez em inglês.Mais de trinta anos depois da estréia, o grupo está de volta. O primeiro álbum ganhou uma versão em CD, remasterizada por Cesare Benvenuti, que produziu os dois primeiros discos da banda.A formação atual do Terreno Baldio conta com João Kurk (voz), Mozart Mello (guitarra), Roberto Lazzarini (teclados), Edson Ghilardi (bateria), Geraldo Vieira (baixo) e Cássio Polleto (violino).O Terreno Baldio tem dois shows marcados na capital paulista: no dia 01 de julho se apresenta no Wild Horse e no dia 14 do mesmo mês, no SESC Vila Mariana. Confira o serviço dos shows:


01/07/2010 - São Paulo/SPWild Horse Music Bar - Al. dos Pamaris, 54Horário: 21h00Ingressos: R$ 12,00Informações: 11 5049-1171 / http://www.wildhorsemusicbar.com.br/


14/07/2010 - São Paulo/SPSESC Vila Mariana - Rua Pelotas, 141 Horário: 20h30Ingressos: R$ 12,00 (inteira), R$ 6,00 (meia) e R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes)Informações: 11 5080-3000


Notícia capturada em 29/06/2010, no excelente site: http://www.territoriodamusica.com/rockonline/noticias/?c=23256

quinta-feira, 24 de junho de 2010




Clássicos

Nuvem Cigana
Lô Borges


Esse disco faz parte de inúmeras listas dos discos inesquecíveis da música brasileira e universal, por se tratar de uma verdadeira inspiração delicada e complexa, sem alardes e sem malabarismos. Esse é o jeito de ser e estar do Clube da Esquina: ambientações etéreas, camadas sonoras, encadeamentos harmônicos inusitados e muito clima para viajar nas letras, nas melodias e nas sonoridades.

Nuvem Cigana é o quinto disco de Lô Borges, nascido como Salomão Borges Filho, em 1952, em BH. Lô Borges é dono de algumas raridades musicais brasileiras, cheias de uma sensibilidade privilegiada. Com Milton Nascimento, em Clube da Esquina, lançado em 1972, ele espantou os velhos jargões, com apenas 19 anos. Em seu primeiro disco solo, lançado em 1973, Lô Borges - o conhecido disco do “tênis”, ele ousou e experimentou, além do seu tempo. Em A Via Láctea, de 1979, ele mergulhou na mais pura harmonia. Com Os Borges, de 1980, ele revelou intimidades. Em 1982, com Nuvem Cigana, ele deitou em uma cama de sonhos e deixou o encantamento lá.

Delicadeza é a melhor tradução para esse disco. Palavras como nuvem, sol, vento, ares, voar, sonhar estão presentes em todas as faixas. Todas ao mesmo tempo ou em grupos interligados. Mas esse é um disco para fazer voar, nunca para revoar. Aqui o espanto fica por conta da descoberta de inúmeros detalhes, que vai acontecendo ao longo das audições. Esse é um disco de espaços, para ser ouvido no volume máximo, ao pé de uma serra, se for a da Flona, melhor ainda. Esse é um disco de harmonias em cascatas, que se derramam sobre seres vivos e ativados. Esse é para emocionar, para sentir saudade, para se completar em outra parte.

Nas dez imperdíveis músicas de Nuvem Cigana você vai encontrar um pouco de Beatles, um pouco de rock progressivo, um pouco de jazz, um pouco de música clássica, um outro pouco de música sacra, mais ainda um pouco de vocais inusitados, mas nenhuma obviedade e nenhum clichê imediatista da mbp. Além disso, você vai encontrar um montão de talento e generosidade lisérgica, que vai garantir a sua viagem para qualquer lugar mágico. A primeira audição desse disco pode não impressionar, pois ele é feito de detalhes. Se a música em sua vida não é apenas uma trilha de comercial, esse disco é uma verdadeira reserva de criatividade especial.

Músicas como “Todo prazer”, “A força do vento”, “Uma canção” e “Nuvem cigana”, servem tanto para curar velhas feridas como para embalsamar a alma. De fato, esse não é um disco para principiantes, não tem melodias fáceis e nem instrumentação simplória. Mas, quem tem bom gosto não precisa de maiores esclarecimentos, é só apertar o play e viajar, suba além da vegetação, aproveite bem as termas e deixe o vento se apresentar como o rumo. Lembre-se de não colocar cinto de segurança e esqueça completamente qualquer saída de emergência, você não precisar de nada disso.

Além de toda essa riqueza de composição, harmonia e melodia, ainda existe a genialidade de participações sempre geniais de Wagner Tiso, Toninho Horta e Flávio Venturini, responsáveis por texturas delicadas, arranjos inspirados e passagens memoráveis, como por exemplo, o solo de guitarra de Toninho Horta na instrumental “Vai, vai, vai”, capaz de provocar arrepios no mais sórdido forrozeiro de plantão. Realmente esse é um disco sobre nuvens.

Ficha Técnica


1- Todo Prazer (Lô Borges e Ronaldo Bastos).
Guitarra – Fernando Rodrigues, Lô Borges e Luis
Cláudio Venturini; piano – Telo Borges; sintetizador –
Flávio Venturini; bateria – Mário Castelo; baixo
elétrico – Paulinho Carvalho.

2- A Força Do Vento (Rogério Freitas). Guitarra –
Fernando Rodrigues, Lô Borges; piano elétrico – Telo
Borges; baixo – Paulinho Carvalho; percussão –
Robertinho Silva; bateria – Mário Castelo; percussão
– Aleuda; arranjador – Toninho Horta.

3- Vida Nova (Lô Borges e Murilo Antunes). Guitarra e
violão - Lô Borges; piano elétrico – Telo Borges;
baixo elétrico – Paulinho Carvalho; bateria – Mário
Castelo; guitarra e arranjo – Toninho Horta.

4- Vai, Vai, Vai (Lô Borges). Violão, vocal e viola de 12
cordas – Lô Borges; baixo elétrico – Paulinho
Carvalho; bateria – Robertinho Silva; caxixi, guitarra
e vocal – Toninho Horta.

5- Uma Canção (Lô Borges e Ronaldo Bastos). Violão
ovation – Lô Borges.
6- Nuvem Cigana (Lô Borges e Ronaldo Bastos).
Guitarra – Fernando Rodigues, Lô Borges; bateria e
pandeiro – Robertinho Silva; baixo elétrico –
Paulinho Carvalho; piano – Telo Borges; arp –
Wagner Tiso.

7- Ritatá (Telo Borges). Percussão – Aleuda e
Robertinho Silva; baixo elétrico e vocal – Paulinho
Carvalho; arp – Wagner Tiso; guitarra – Toninho
Horta; bateria – Mário Castelo; voz, vocal, arp e
piano – Telo Borges

8- Viver, Viver (Lô Borges, Márcio Borges e Murilo
Antunes). Bateria e Cuatro venezuelano – Beto
Guedes; percussão – Aleuda; arp e violão – Lô
Borges; voz – Milton Nascimento; baixo elétrico –
Paulinho Carvalho; piano – Telo Borges; percussão –
Robertinho Silva.

9- O Vento Não Me Levou (Lô Borges e Ronaldo
Bastos). Guitarra e arp – Lô Borges; arp – Flávio
Venturini; baixo elétrico – Paulinho Carvalho; bateria
– Robertinho Silva; percussão – Mário Castelo; piano
– Telo Borges

10- O Choro (Lô Borges). Violino – Alfredo Vidal,
Bernardo Bessler, Carlos Eduardo Hack, giancarlo
Pareschi, Walter Hack, Robert Eduard Jean Arnaud;
violoncelo – Jacques Morelenbaum, Jorge Kundert
Ranevsky (Iura); viola de arco – Arlindo Figueiredo
Penteado, José Dias de Lana; flauta – Mauro Senise,
Paulo Guimarães, Danilo Caymmi, Celso
Woltzenlongel; afoxé – Dazinho; ganzá – Fernando
Rodrigues; violão – Lô Borges; clarinete – Netinho;
piano – Telo Borges.

Produtor: Ronaldo Bastos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010








Históricos


Living in the material world
A música etérea de George Harrison


Em seu terceiro disco, após o término dos Beatles, George Harrison continuava apresentando ao mundo a sua devoção espiritual e sua intensa dose de humanismo, turbinada com harmonia simples, melodias inesquecíveis, musicalidade sutil e certeira, além de um trabalho de guitarra slide simplesmente encantador, com a força de um mantra.

Esse disco fecha o ciclo de sucesso absoluto da primeira fase da carreira solo do principal músico dos quatro fabulosos, após a separação histórica da banda mais popular do mundo. Depois de dois álbuns triplos extremamente respeitados pela crítica e venerados pelo público mundial – All things must pass e Concert for Bangladesh – George Harrison chega ao ponto máximo da sua celebrada simplicidade sofisticada, com Living in the material world. Além de rebuscar ainda mais a sua busca intensa nos mistérios do Oriente, via Índia e seus gurus, George mostra toda a sua habilidade com melodias, incríveis melodias.

Esse é um daqueles discos imperdoáveis, que marcam a sua vida nem que você não queira, basta dar ouvidos. O tempo não importa para essa obra monumental. Os inúmeros violões acústicos, as diversas cores de slide e guitarra havaiana, as texturas dos pianos, as levadas maneiras de baixo e bateria, além de uma verdadeira avalanche de melodias inebriantes, fazem de Living in the material world um passaporte para o paraíso.

A faixa de abertura, Give me Love (give me peace on earth), é uma música eterna, com uma camada de violões acústicos e um arranjo de guitarra slide que são de pura magia, de encantamento. Essa é uma das maiores composições de todos os tempos, exatamente pela simplicidade. Imperdível. Inestimável. Sue me, sue you blues, segunda faixa, segue a mesma linha, um pouco mais rockeira e com slide ao violão. Da mesma forma imperdível. As duas faixas tão o rumo da viagem espiritual do disco, voltado para o mergulho oriental, em busca do equilíbrio, da paz e do amor ao próximo.

The light that has lighted the world, terceira faixa, é uma balada introspectiva e espiritual, com mensagem reflexiva e melodia intensa, com destaque maior para as teclas. Don’t let me wait too long, quarta faixa, é uma daquelas levadas de violão acústico que pregam em seu ouvido e inundam a sua alma. Você canta essa música junto, sem saber a letra, guiado pela melodia que tem um poder de encanto especial. Mais trabalho especial de slide e mais delicadeza fenomenal.

Who can see it, quinta faixa, é outra balada espiritual, com direito a guitarra com modulação, que ora parece phase mutron e ora parece um flanger saturado. A faixa seguinte é a que dá título ao disco. É a que tem mais pegada de rock’n’roll. Conta com a participação especial de Ringo, dobrando a bateria com o também lendário Jim Keltner . A faixa é bem humurada, mas não deixa de ter a sua crítica aos hábitos consumistas. Tem belos solos de sax e slide.

The Lord loves the one (that loves the Lord), sétima faixa do disco mantém também a reflexão espiritual e mantém também o encantamento. Mais slide e mais melodia mágica. Essa é uma daquelas faixas que vai se infiltrando aos poucos em sua memória, para nunca mais sair. O trabalho de metais dessa música é também duradouro, resiste facilmente ao tempo. Be here now, oitava faixa do disco, é lenta e profunda, própria para ser ouvido com a alma. Existe nessa música uma camada de órgão impressionante.

Try some buy some, oitava faixa, é a que tem melodia mais próxima dos Beatles, acompanhada pela textura intensa de uma orquestra inteira. Grande momento do disco. The Day the world gets round, também traz acompanhamento envolvente de cordas e também tem seu foco voltado para a devoção. Essa é outra melodia registrada com a marca George Harrison. O disco termina de forma profunda e reflexiva com that’s all, única faixa em que a guitarra de George Harrison aparece de forma mais evidente.

Essa obra excepcional foi gravada em 1973, no estúdio da Apple, em Londres. Fizeram parte desse pergaminho Nick Hopkins e Gary Wright nos teclados; Klaus Vourmann no baixo; Jim Keltner na bateria, mais as participações de Ringo Starr e Jim Gordom; George Harrison nas guitarras e violões; Jim Horn no sax e flauta; e Zakir Hussein nas tablas. As cordas foram conduzidas por John Barham. Em 2006 e EMI lançou uma versão remasterizada desse disco, com duas faixas bônus. Não perca tempo, embarque imediatamente nessa viagem astral.