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terça-feira, 6 de janeiro de 2009


As Claras - Bá Freire
Música brasileira para brasileiros gringos

Um disco repleto de brasilidade e muito sentimento musical é o que você encontra em “Às Claras”, terceiro disco de Ba Freyre, esse paraibano de coração caririense e voz internacional. Dono de harmonias sofisticadas e melodias que extrapolam em sensibilidade, Ba reaparece em disco com a maturidade própria de quem está há muito tempo na estrada.

Ba tem uma ligação muito forte com o Cariri. Aqui ele fez parte da grande banda “Ases do Ritmo”, com uma formação inesquecível: Cleivan Paiva, Hugo Linard, Demontie de Lamone, Neno Batera, Fanca, Jairo Starkey e Bill Soares, que depois faria parte do “Papa Poluição”, lendária banda de rock-rural. Depois Ba liderou um dos grupos mais promissores da música nordestina daquele período: “Aves de Arribação”, participando com destaque em vários festivais.

O grupo contava então com essa formação: Ba Freyre; Cleivan Paiva; Izanio Santos, que também fez parte do “Ases do Ritmo”,; Demontier de Lamone; e Tapioca (Audizio Gomes), também conhecido como Audizinho, que também fez parte dos Ases do Ritmo e do grupo “Nessa Hora”, que acompanhava Abidoral Jamacaru.Depois de conseguir ganhar prestígio no meio artístico de São Paulo, o grupo acabou se desfazendo e cada um seguiu seu caminho artístico.

Ba lançou seu primeiro disco, “Nação Cariri”, depois de desenvolver uma sólida carreira de shows e parcerias importantes em São Paulo, como Tom Zé e Zeca Bahia. Como todos de sua geração, sofreu na pele a imensa dificuldade para lançar o trabalho em vinil, pois o mercado era extremamente fechado e os custos eram exorbitantes. Mesmo assim lançou esse disco com composições com o seu parceiro maior Rosemberg Cariry.

Depois de muitas andanças Ba viaja para Israel e lá consegue se destacar em diversos festivais de jazz, devido à sua forte formação musical brasileira. Lá ele formou sua banda e fez carreira reconhecida nacionalmente naquele país e lançou seu segundo disco, sendo esse ao vivo. Já com um nome feito e uma reputação de cantor e compositor de latin jazz, Ba Freyre desenvolveu sua carreira pela Europa, participando de vários festivais, chegando a abrir um show de Gal Costa.

“Às Claras” é uma espécie de balanço geral de todas essas experiências. É um disco que tem bossa, samba, xote, bolero, funk e baladas, além da étnica “Bahia Lugar de Amor”, faixa que fecha o disco, apontando para uma mistura de ritmos e culturas. Todas as faixas do disco respiram, inspiram e transpiram a brasilidade musical de Ba Freyre, formado na escola nordestina de Luiz Gonzaga e Hermeto Pascoal, bem como no delírio harmônico da bossa-nova. O disco conta com o apoio dos músicos Ítalo Almeida, teclados e arranjos; Cainã Cavalcante, violões, guitarras, cavaquinhos e violas; e Miguéias de Sousa, baixo.

Os destaques vão para as faixas “Acender”, um sambossa de harmonia elegante e melodia sofisticada; “O canto da volta”, um baião irresistível, cheio de manhas e malandragens de quem conhece esse ritmo com identidade legítima; “Toma lá dá cá”, um sambafunk com groove classudo, cheio de grife brasileira; “Deusa do Oriente”, uma pegada étnica com swuingue policultural, com ecos da África e de Cuba; “Céu da boca”, uma parceria minha e dele, nascida na mansidão do Parque Ibirapuera, de São Paulo, em uma tarde inesquecível: pelas cores, pelos brilhos, pela viagem, e pela amizade selada em grande harmonia.

“Flor da Magia” é uma faixa que merece destaque especial, pela sua harmonia e pela sua melodia, além da interpretação inspirada de Ba Freyre. A letra é de Zeca Bahia, autor de várias músicas inesquecíveis, como “Porto Solidão”. O tratamento acústico dado a essa composição faz dela uma das grandes canções de 2008. Essa é uma grande composição, rara em nosso cenário atual e que confirma o talento nato de compositor desse paraibano de Souza. Além de todo esse talento indiscutível, Ba é um músico extremamente moderno e um cantor de mão-cheia, com uma afinação perfeita e um timbre de voz que recebeu com agrado a generosidade do tempo. É com uma satisfação imensa que eu digo: que bom rever você meu amigo!

Um comentário:

Claucenor Cajazeiras disse...

Conheço o Bá Freire, desde que êle morava em Cajazeiras - Paraiba,eu vi êle aprendendo os primeiros acordes de violão com tio de um amigo meu, que se chama Zé. Foi lá que êle começou sua Carreira de cantor e musico tocando e cantando na banda Os BEMBENS, com essa mesma banda, êle se apresentou pela primeira vez na TV Verde Mares de Fortaleza cantando a musica dos Beatles Oh Darling e se tornou uma revelação impresionando os produtores do programa e a todos espectadores. Eu estive presente em muitos Bailes, no qual o Bá comandava a banda.